Apesar de não conhecer o Pastor Marcelo Aguiar, autor do artigo transcrito abaixo e nem ser um apreciador da Revista Comunão, tenho que dizer que o presente artigo é importante no contexto atual em que vivemos, onde o Pós-Modernismo, tem adentrado a Igreja através do Pragmatismo, Relativismo e Ecumenismo e distanciado a mesma das verdades centrais do Evangelho. Concordo com o autor quando diz: "No Tempo em que não éramos "Gospel" éramos conhecidos como crente. Talvez precisássemos retornar essa condição". Que Deus nos edifique através deste artigo.
NO TEMPO EM QUE NÃO ÉRAMOS "GOSPEL"
Na edição de junho da Revista Comunhão, li o excelente artigo do pastor Josué Campanha, intitulado "Eu prefiro não ser 'gospel'". Apreciei bastante o que encontrei ali. Nas palavras do pastor Josué, "no tempo em que não éramos 'gospel', pastor ainda era respeitado e podia comprar a crediário. Não tínhamos bancada evangélica, que, segundo a imprensa, só gera escândalos. Não precisávamos de prêmios para artistas e escritores de sucesso ou para igrejas qe se tornaram famosas. No tempo em que não éramos 'gospel', o show ainda se chamava louvorzão, não cobrava ingresso e não precisava de camarote vip para os artistas".
A primeira vista, essas declarações podem parecer saudosista e pessimistas. Entretanto, não é este o caso. São palavras proféticas, de alguém que não está idealizando o passado, mas mostrando preocupação com o futuro. Porque se as coisas continuarem no mesmo ritmo e rumo, a igreja evangélica brasileira corre o risco de perder a relevância. Já há algum tempo muitos estão se curvando diante do altar da popularidade, do crescimento e da visibilidade. Acontece que ninguém pode servir a dois senhores. No tempo que não éramos "gospel", éramos conhecidos como "crentes". Talvez precisássemos retornar essa condição.
Cerca de mil e setecentos anos atrás, Constantino declarou o Cristianismo religião oficial do Império Romano. Foi um duro golpe para uma igreja que cresceu afrontando toda espécie de perseguições e perigos. Logo o zelo evangelístico arrefeceu, as hereseias e as práticas pagãs passaram a ser toleradas num clima de sincretismo, e a cristandade entrou numa fase de decadência. Parece que, mais uma vez, corremos o risco de ser decadência. Parece que, mais uma vez, corremos o risco de ser seduzidos pelo poder. Agora, não necessariamente pelo poder político, mas pelas forças do mercado, da economia e do culto à celebridade.
Professar a fé em Cristo será, sempre, nadar contra a corrente. Será discordar do individualismo, do materialismo, do pragmatismo e de tantos outros "ismos" que povoam o mundo pós-moderno, Será deixar-se levar pelo Espírito Santo, que sopra onde quer (João 3:8). O Cristianismo consiste em tomar a cruz de Cristo e segui-lo. Isso não mudou com o tempo, nem haverá de mudar. Enquanto fizermos essa escolha, Deus estará conosco. No momento em que olharmos em outra direção, sua marca será apagada daquilo que somos e fazemos.
Dizem que quando o grande teólogo católico Tomás de Aquino visitou Roma, o Papa fez questão de mostrar-lhe, pessoalmente, todas as obras da arte, relíquias e tesouros do Vaticano. Aqueles eram dias de prosperidade, e o sumo pontífice estava particularmente orgulhoso com tudo o que havia alcançado. Então, numa refêrencia às palavras ditas por Pedro e João ao coxo na porta Formosa (Atos 3:6), o Papa disse ao teólogo: "Como vês, Tomás, a Igreja não pode mais dizer: "Não tenho ouro nem prata". Tomás de Aquino respondeu: "É verdade. Mas ela também não pode mais dizer: 'Levanta-te e anda'.
Qual é a nossa escolha? O que preferimos poder ou não poder poder dizer? Será o crescimento dos evangélicos no Brasil a evidência de um avivamento esperitual? Ou será o prelúdio de uma decadência, assim como uma lâmpada que está para se queimar brilha fortemente antes de, finalmente, apagar? O Lado bom de nos fazermos estas perguntas é que podemos determinar as respostas. Não é tanto a questão de descobrir algo, mas de fazer algo. Só depende de mim e de você.
Artigo extraido da Revista Comunhão Nº 131; Página nº 58
Marcelo Aguiar- Pastor adjunto da Igreja Batista Mata da Praia, em Vitória psicólogo clínico e escritor.
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